Soneto (à minha mulher-a-dias que tem a mania que é
analfabeta
mas sabe mais coisas que o primeiro-ministro)
ai maria do alívio se tu
soubesses
as pedras que estes passos
trazem
quantas cidades aqui me
disseram
que as pessoas como tu é que
eram
ai maria do alívio se tu
imaginasses
as praças que eu enchi de
coragem
sem a ajuda de ninguém só de
deus
que esse enfim seja quem for
lá está
que há uma coisa cá dentro
sem nome
que mexe connosco sem dar
por isso
e eu não sei se é amor se é
enguiço
de outra coisa te prometo
sofro muito
de uma doença incurável
chamada vida
cuja única cura é um dia
ir-me embora
Poema: “Soneto”
Autor: Joaquim Castro Caldas (1956-2008)
Obra: inédito
Obra: inédito
Voz: Ana Celeste Ferreira
Fotografia: Antonieta Monteiro
Captação e Edição
Sonora: Ricardo Caló
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